Quanto recebe um mangaká no Japão?

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Mangás, essas obras icônicas da cultura pop japonesa, frequentemente fascinam leitores ao redor do mundo todo e representam uma parte vital da cultura e economia japonesa. Um exemplo notável é o mangá “Satsuriku no Ou”, que, conforme revelações feitas pelo autor em sua conta do Twitter, gerou uma quantidade significativa de renda, mas também levantou questões relevantes sobre as finanças dos mangakás.

Publicado pela Shueisha na popular Shounen JUMP Plus, “Satsuriku no Ou” decorreu durante 1 ano e 5 meses, alcançando um total impressionante de mais de 1600 páginas. Financeiramente, estima-se que o autor recebeu cerca de 73 mil dólares (R$ 397,5 mil), um montante que à primeira vista parece altamente lucrativo. Mas será que isso reflete toda a realidade?

Quanto ganhou realmente o autor de Satsuriku no Ou?

Ao dividir o montante recebido pelos meses de publicação, o autor de “Satsuriku no Ou” teria ganhado aproximadamente 4300 dólares (R$ 23,4 mil) por mês. Embora este seja um valor maior que o salário mínimo em Tóquio, que ronda os 1100 dólares (R$ 5,99 mil), este cálculo é simplista e não leva em conta diversos custos associados à produção de um mangá.

Quais são os custos ocultos na criação de um mangá?

Os mangakás enfrentam várias despesas durante o processo criativo. Primeiramente, os impostos podem abocanhar entre 20 a 30% dos seus rendimentos. Além disso, os assistentes, que são essenciais na elaboração dos desenhos e desenvolvimento da história, não têm seus salários cobertos pelas editoras. Este custo acaba sendo mais uma responsabilidade do autor.

A remuneração de um mangaká, mesmo aparentando ser generosa, muitas vezes equivale a uma carga de trabalho consideravelmente maior do que outras profissões que exigem 40 horas semanais. Esta extensa jornada de trabalho não só impõe riscos à saúde do criador, como também pode significar sacrifícios pessoais e financeiros. Outras despesas, tais como aluguel de estúdio, licenças de softwares e materiais, também devem ser considerados, o que pode levar a remuneração líquida muito próxima, senão inferior, ao salôrio mínimo.

Em conclusão, enquanto “Satsuriku no Ou” pode parecer à primeira vista um caso de sucesso financeiro, a realidade enfrentada pela maioria dos mangakás é uma luta constante para balancear a paixão pela arte e a necessidade de sustentabilidade financeira. Este cenário destaca a importância de conhecer os aspectos muitas vezes ocultos da indústria de mangás, que vai muito além do preço de capa das revistas nas prateleiras.

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